Saúde e Medicamentos

    Suplementos para baixar o Colesterol

Fitoesteróis

Os fitoesteróis são gorduras semelhantes ao colesterol, produzidas pelas plantas e presentes em óleos vegetais, sementes, grãos, frutas e hortaliças.
Os fitoesteróis competem com o colesterol vindo da dieta, na formação de micelas, diminuindo dessa forma a absorção intestinal, aumentando a excreção de colesterol pelas fezes.

Pesquisas recentes apontam que a ingestão 2 g de fitoesteróis diariamente diminuem até 20% a absorção do colesterol pelo organismo. No entanto para se conseguir esses valores é necessario recorrer a suplementos. O consumo de fitoesteróis associado a uma dieta equilibrada, que contenha frutas e hortaliças, e a adoção de hábitos de vida saudáveis e atividades físicas, auxilia na redução da absorção de colesterol. Uma dieta equilibrada, rica em fibras, pode proporcionar até 400 mg/dia de fitoesteróis.

Os efeitos dos fitoesteróis em doses altas são comparáveis à redução de LDL-colesterol obtida quando se dobra a dose da estatina, medicamento mais usado para o controlo do colesterol elevado.

Monocolina K

A levedura de arroz vermelho (LAV) resulta da fermentação do arroz com a levedura Monascus purpureus, adquirindo uma cor púrpura avermelhada. Desta fermentação resulta a monacolina K, uma substância capaz de manter os níveis de colesterol normais, quando ingerida numa dose diária de 10 mg. O seu uso como suplemento alimentar é recente. Na Ásia, a levedura de arroz vermelho é comum na culinária e, em particular na China, há registos da sua utilização há milhares de anos.

Da fermentação do arroz com a levedura Monascus purpureus resulta, além das monocolinas, outras substâncias que derivam do arroz e que têm uma ação sinergética no efeito hipocolesterolémico da monacolina K, como o amido, as proteínas, as fibras, os esteróis vegetais, os ácidos gordos e as vitaminas do complexo B, e, também, os metabolitos secundários formados pelo fungo durante o processo de fermentação. Das monocolinas formadas, apenas a monacolina K é reconhecida pela sua capacidade de manter os níveis normais de colesterol no organismo.

Mecanismo de ação:

A monacolina K atua na enzima HMG-CoA redutase, enzima do fígado envolvida na produção do colesterol pelo organismo. A monacolina K tem uma estrutura molecular semelhante à lovastatina, um medicamento da família das estatinas.

Genericamente as estatinas são inibidores competitivos da enzima principal da biossíntese do colesterol, a HMG-CoA redutase, devido à estrutura idêntica entre os ácidos ß-Hidroxi das estatinas e a HMG-CoA, sendo que a afinidade das estatinas para a HMG-CoA redutase é muito superior à afinidade da HMG-CoA. Esta inibição leva à acumulação de HMG-CoA que é metabolizada em compostos mais simples, não permitindo a evolução da biossíntese do colesterol e consequentemente, diminuindo a formação de colesterol.

A monacolina K contribui ainda para a diminuição dos níveis de Colesterol Total, uma vez que a diminuição da quantidade de colesterol endógeno conduz a um aumento da formação de receptores LDL nas membranas celulares e a uma maior captação das LDL que se encontram em circulação, diminuindo assim os níveis plasmáticos.

A diminuição da síntese do colesterol leva ao consequente decréscimo da produção das lipoproteínas de muita baixa densidade (Very Low Density Lipoprotein – VLDL), a nível hepático, que participam na formação das LDL. Sendo assim, a diminuição do colesterol plasmático deve-se, também, à maior captação das LDL e à menor produção endógena das VLDL.

Dose:

O efeito redutor do colesterol é conseguido quando a monacolina K é administrada, diariamente, numa quantidade igual a 10mg.

Efeitos secundários:

Durante o processo de fermentação são produzidos metabolitos secundários, entre eles a citrinina. Esta é uma micotoxina presente nos produtos constituídos por LAV (Leveduda de Arroz Vermelho) que se encontra associada a efeitos secundários importantes, como a toxicidade hepática e renal, havendo ainda evidências do seu potencial efeito carcinogénico.

Segundo a European Food Safety Authority (EFSA), as contra-indicações, os efeitos secundários e as interações farmacológicas e fármaco-nutrientes da LAV são semelhantes às descritas para as estatinas. Apesar das estatinas serem geralmente bem toleradas, existem casos de intolerâncias e desenvolvimento de efeitos secundários, sendo as mais frequentes as mialgias (dores musculares). Sendo assim, a suplementação com CoQ10 pode prevenir a mialgias causada pela monacolina K, sendo aconselhável a sua toma durante a suplementação com LAV e até 4 semanas após esta ter terminado.

Contra-indicações:

O uso desta substância ativa está contra-indicado para indivíduos com doença hepática, que apresentem constantemente as transaminases elevadas, para grávidas e lactentes.

Ómega-3 (EPA, DHA)

O ácidos gordos polinsaturados classificam-se em função da posição da dupla ligação na cadeia de hidrocarbonetos.
Entre os ácidos gordos ómega-3 destacam-se o ácido alfa-linoleico (ALA), com origem nos óleos vegetais (ex: soja e linhaça), o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o docosa-hexaenóico (DHA), presentes nos óleos de peixes marinhos.
Entre os ácidos ómega-6 destaca-se o ácido linoleico, presente em óleos vegetais (ex: milho, soja e girassol) que são convertidos no organismo em EPA e DHA.

Os ácidos gordos são essenciais e obtém-se através da dieta.

O interesse nos ácidos gordos polinsaturados resulta da observação que certas populações, como os esquimós, que consomem elevadas quantidades destas substâncias tinham menor incidência de doenças cardiovasculares.

Os ácidos gordos ómega-3 inibem a síntese de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e triglicéridos pelo fígado.
Ao ómega-3 está associado diversos efeitos benéficos para o organismo, embora não estejam totalmente comprovados:

  • Redução dos risco de aterosclerose;
  • Efeito antiarrítmico;
  • Diminuição da pressão arterial;
  • Ação antitrombótica;
  • Efeitos benéficos na artrite reumatóide, etc.

Peixes gordos e seus óleos, nozes e óleo de linhaça são fontes ricas em ómega-3. O ALA encontra-se em sementes, vegetais de folha escura, legumes e frutos secos. Existem alguns alimentos que são fortificados com EPA/DHA, como ovos, cereais e produtos lácteos.

Os ácidos gordos polinsaturados são usados em vários suplementos, entre os quais, os direcionados à proteção cardiovascular e controlo dos níveis de colesterol LDL.

Efeitos secundários

As principais reações adversas ao ómega-3 são gastrintestinais (náuseas, vómitos, eructação, distensão abdominal, diarreia,  obstipação, halitose e sabor a peixe).
Doses elevadas podem aumentar o colesterol-LDL e a glicemia. Doses de óleo superiores a 3g/dia podem inibir a agregação plaquetária e aumentar o risco de hemorragia, sobretudo em quem toma antiagregantes plaquetários (varfarina, etc.).
Alguns suplementos de óleo de peixe têm quantidades elevadas de vitamina A e D podendo haver o risco de toxicidade.

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Página da autoria de Laurentino Moreira (farmacêutico) - Última atualização em 04-out-2019 | Política de Privacidade