Os Adoçantes, também designados de Edulcorantes, são substâncias utilizadas como substitutos do açúcar, que possuem um poder adoçante muito superior ao do açúcar. Para consumo no quotidiano, alguns encontram-se disponíveis sob a forma líquida, em pó ou comprimidos. Outros são usados apenas para fabrico de alimentos e bebidas dietéticos, a nível industrial. Os edulcorantes de mesa são consumidos por pessoas diabéticas, obesas e um crescente número de pessoas preocupadas com a forma física. Não são indispensáveis no tratamento da Diabetes Mellitus, mas podem facilitar a adesão dos diabéticos a uma terapêutica nutricional e no controlo do peso, fator importante do tratamento da Diabetes tipo 2. Proporcionam maior palatalidade e prazer do doce, aumentando a variedade de alimentos e a sua aceitabilidade.
Existem dois tipos de adoçante que podem ser utilizados pelos diabéticos: os adoçantes calóricos e os adoçantes não calóricos.
Os adoçantes só poderão ser comercializados após um longo processo de avaliação de toxicidade por instituições científicas competentes (Comité Científico da Alimentação Humana, European Food Safety Authority e o Join FAO/WHO Expert Committee on Food Additives). Após a sua aprovação é atribuído um código que permite a sua identificação no rótulo dos alimentos:
E420 - Sorbitol, E421 - Manitol, E950 - Acessulfame de Potássio, E951 - Aspartame, E952 - Ciclamato, E954 - Sacarina, E955 - Sucralose, E967 - Xilitol, E953 - Isomaltose, E959 - Neo-hesperidina di-hidrocalcona.
Na análise dos dados toxicológicos, estabelece-se o valor de ingestão diária admissível (ADI) com uma margem de segurança de 100 vezes, que é muito superior ao consumo médio.
Os edulcorantes têm a vantagem de favorecer o controlo metabólico da diabetes, proporcionando melhor qualidade de
vida aos doentes diabéticos. A sua utilização deve ser regrada e associada a uma alimentação saudável. Os edulcorantes não podem ser
utilizados nos produtos alimentares destinados a lactentes e crianças pequenas e são desaconselhados na gravidez.
Os edulcorantes
nutritivos não apresentam vantagens significativas relativamente à sacarose. A frutose fornece as mesmas calorias, embora com reposta
glicémica menor. Alguns polióis podem apresentar alguns efeitos negativos em doses elevadas.
Já os edulcorantes não nutritivos
têm a vantagem de não fornecer calorias e não afetarem a glicemia e o perfil lipídico dos doentes diabéticos. Há que ter em conta,
no entanto, se os edulcorantes são totalmente seguros para uso a longo prazo. Na escolha de um produto edulcorante deve-se optar
pela variedade, de modo a evitar a acumulação no organismo, pois este não metaboliza estas substâncias. Contudo, elas têm de ser
eliminadas, não evitando uma sobrecarga do fígado e dos rins.
| Frutose (Edulcorante nutritivo) |
| Açúcar das frutas, produtos hortícolas e mel; 1,5 vezes mais doce que a sacarose; fornece 4Kcal/g. |
| Vantagens: Tem uma absorção mais lenta, provocando aumentos mínimos e transitórios da glicemia. Sendo mais doce, permite usar menos quantidade para obter o mesmo sabor. |
| Desvantagens: Está associada à obesidade, aumento do LDL-colesterol e triglicerídeos, resistência à insulina, aumento da gordura no organismo. Os produtos do seu metabolismo estão associados a complicações vasculares, renais e oculares nos doentes diabéticos. As pessoas com Diabetes Mellitus devem consumir com moderação. |
| Sorbitol (Edulcorante nutritivo) E420 |
| Presente nas frutas e vegetais; tem 50% do poder adoçante da sacarose; fornece 2,6Kcal/g. |
| Vantagens: Tem uma absorção mais lenta, podendo ser utilizado por diabéticos. |
| Desvantagens: Em doses elevadas (20 a 30g/dia) tem efeito diurético e diarreico (30 a 70g/dia). Pode agravar a sintomatologia do síndrome do cólon irritável. Devido ao seu efeito diurético pode levar à perda de sais e formação de cálculos renais. |
| Manitol (Edulcorante nutritivo) E421 |
| Presente em frutos, algas e cogumelos; tem 50% do poder adoçante da sacarose; fornece 1,6Kcal/g; ADI até 50mg/Kg/dia. |
| Desvantagens: Em doses excessivas tem efeito laxante. |
| Isomaltose (Edulcorante nutritivo) E953 |
| Dá doçura, textura e volume aos produtos; tem 50% do poder adoçante da sacarose; fornece 2 Kcal/g; ADI até 50mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Os estudos têm demonstrado ser inofensivo para o organismo. |
| Lactitol (Edulcorante nutritivo) E966 |
| Tem 40% do poder adoçante da sacarose; fornece 2 Kcal/g. |
| Vantagens: Não se observam efeitos adversos significativos. |
| Desvantagens: Em doses excessivas tem efeito laxante. |
| Xilitol (Edulcorante nutritivo) E967 |
| Tem 70% do poder adoçante da sacarose; fornece 2,4Kcal/g. |
| Vantagens: Efeito benéfico nas cáries dentárias, impede enfraquecimento dos ossos. |
| Desvantagens: Em doses baixas tem efeito laxante. Em doses elevadas (100mg/Kg/dia) diminui a glicemia. |
| Acessulfame de K (Edulcorante não nutritivo) E950 |
| Estável a altas temperaturas; 180 a 200 vezes mais doce do que a sacarose; ADI é de 9 a 15mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Não apresenta efeitos tóxicos, carcinogénicos e teratogénicos. |
| Desvantagens: Contra-indicado em hipertensos e doentes renais. |
| Aspartame (Edulcorante não nutritivo) E951 |
| Não resiste a altas temperaturas; 200 vezes mais doce que a sacarose; ADI é de 40 mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Benéfico no controlo do peso. |
| Desvantagens: Contra-indicado na fenilcetonúria. Alguns estudos associam ao aumento do risco de tumores cerebrais, leucemia, doença de Alzeimer e Parkinson. |
| Ciclamato (Edulcorante não nutritivo) E952 |
| Estável a altas temperaturas; 30 a 50 vezes mais doce do que a sacarose; ADI é de11 mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Não apresenta efeitos tóxicos e carcinogénicos. |
| Desvantagens: Contra-indicado na hipertensão e doença renal. Alguns estudos associam a mistura com sacarina a um risco aumentado de cancro da bexiga. |
| Sacarina (Edulcorante não nutritivo) E954 |
| Estável a altas temperaturas; 200 a 300 vezes mais doce do que a sacarose; ADI é de 2,5 mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Considerada seguro para uso humano. |
| Desvantagens: Contra-indicado na hipertensão e doença renal. Alguns estudos associam a mistura com ciclamato a um risco aumentado de cancro da bexiga. |
| Sucralose (Edulcorante não nutritivo) E955 |
| Estável a altas temperaturas; 600 vezes mais doce do que a sacarose; ADI é de 15 mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Não apresenta efeitos tóxicos, carcinogénicos e teratogénicos. |
| Neo-hesperidina di-hidrocalcona (Edulcorante não nutritivo) E959 |
| Estável a altas temperaturas; usado na pasteurização; 1500 a 1800 vezes mais doce do que a sacarose; ADI é de 5 mg/Kg/dia. |
| Vantagens: Não apresenta efeitos tóxicos. |
| Esteviosídeo (Stevia rebaudiana) (Edulcorante não nutritivo) E |
| Estável a altas temperaturas; 200 a 300 vezes mais doce do que a sacarose; usado com outros adoçantes para melhorar o seu sabor residual. |
| Vantagens: Não apresenta efeitos tóxicos. |
Fonte: «Alimentação Humana», Revista da SPCNA, Volume 17, 2011
Antigamente, o açúcar era considerado uma especiaria ou medicamento, passando depois a ser considerado complemento alimentar. Com a banalização do seu consumo descobriram-se alguns efeitos nefastos que estão ligados a algumas doenças crónicas, como a diabetes e a obesidade. Como resposta a estes efeitos, nos anos 60, popularizou-se o uso de substitutos do açúcar, os adoçantes ou edulcorantes, que estão, desde então, envoltos em polémicas no que respeita à segurança alimentar.
Existem diferentes tipos de açúcar, mas não diferem muito uns dos outros, fornecem energia e não contêm outros nutrientes. O açúcar branco cristalizado, extraído da cana-de-açúcar ou da beterraba, é o de maior pureza, representa 99,9% de sacarose pura. O açúcar em pó contém 0,5% de fécula de arroz ou milho. O açúcar areado amarelo é obtido da cana-de-açúcar e ainda possuíialguns corantes. O açúcar mascavado é o primeiro açúcar obtido diretamente da primeira cozedura do suco da cana, contém menos 5% de sacarose, que correspondem a sais minerais e matéria orgânica que ainda não foi retirada na refinação.
Ao consumo do açúcar associa-se frequentemente as cáries dentárias, a diabetes e a obesidade. Embora os diabéticos devam ter cuidado na quantidade de açúcar que ingerem, a causa da doença não é o açúcar, mas uma crescente resistência à insulina. Quanto à obesidade, esta deve-se a excessos alimentares que associam hidratos de carbono e gorduras.
Alguns dos adoçantes não calóricos comercializados estão associados a alguns efeitos secundários tóxicos ou são contra-indicados em certas patologias, como o ciclamato, o acessulfame de potássio e a sacarina nos hipertensos e doentes renais e o aspartame nos fenilcetonúricos.
De todos os adoçantes, aquele que parece ter menos efeitos secundários e contra-indicações é a sucralose. Esta é um derivado do açúcar, 600 vezes mais doce e que não fornece calorias na dieta. Vários estudos demonstram que pode ser consumida de maneira segura pelos diabéticos, assim como por toda a família, incluindo crianças e gestantes.
A Stevia é um adoçante natural com poder adoçante 200 a 300 vezes maior que o da sacarose, sendo o único adoçante de origem vegetal produzido à escala industrial. Tem sido demonstrado ser seguro o seu uso na alimentação, havendo alguns estudos que atribuem a esta planta efeito protetor das caries dentárias, reguladoras da pressão arterial, diuréticas e reguladoras do nível de glicemia. Não foram detetados efeitos secundários, o sabor doce não é afetado pela temperatura, podendo ser utilizada em bebidas quentes e sobremesas como substituto do açúcar. Normalmente, é comercializada em associação com outros adoçantes, que disfarçam um certo sabor amargo residual.